9 de dez. de 2009

UM AMIGO, UM ALTAR


Altar é lugar de sacrifício, lugar onde se oferece uma vítima em holocausto.
Os altares sempre são constituídos para esta finalidade, para através de um sacrifício fazer memória dos favores que Deus concedeu.
Um altar precisa ser construído com esforço pessoal e decisão de coração.
Ele é memorial, lugar da teofania, da manifestação do amor de Deus.
É ir além do que é natural em nós, é tocar o sobrenatural.
Da mesma forma que um altar pressupõe um holocausto, traz em si o sacrifício.
É preciso sacrificar a nós mesmos, nossas falsas verdades, nossos gostos e desejos pessoais.
É lugar onde se derrama sentimento, lágrimas, sangue, vida.
Se esse derramar em sacrifício não acontece, não há altar.
Como os altares, precisam ser construídos, edificados com o que há de melhor em cada um.
São sentimentos, experiências, valores, sonhos, que como verdadeiras pedras vão se sobrepondo para que ali verdadeiramente aconteça o sacrifício.
São pedras que não podem ser tolhidas pelos desejos de nenhuma das partes, pois trazem em si aquilo que é o melhor, o sagrado, o original de Deus em cada um. Lapidá-las para adaptá-las às nossas vontades, aos nossos desejos, significa profaná-las.
Eu não posso construir um altar, com nada a não ser o que há de mais puro e sagrado. Eu não posso ser verdadeiramente um servo se eu não levo comigo a originalidade de Deus em mim.
Um altar profanado, um servo profanadO, só tem um destino: a destruição.
Há um valor especial em qualquer coisa que nós mesmos construímos ou ajudamos a construir, ainda mais quando se trata de pessoas.
Um irmão que não traz em si a vontade de ajudar a construir o outro, não manifesta vida, não há significado, não há porque, não há santidade, não há razão de ser.
Um altar é santo em razão do que ele significa.
Um irmão que não constrói o outro perdeu o seu sentido, o seu significado, a sua capacidade de sacralizar.
O ato de construir o outro não é fácil, causa dor em ambos, entraves, muito sacrifício mútuo e pessoal.
Mas como foi dito antes se não há sacrifício, não há altar.
Para construir o outro eu preciso derramar o meu sangue, a minha vida, para que a oferta do meu sacrifício seja capaz de trazer à tona o que há de melhor no outro, mesmo que para isso precise doer primeiro em mim.
É um ato de oblação, de oferta, que à medida que nos aproxima do altar, nos aproxima do próprio Deus, tornando-nos interiormente livres.
Quanto mais sacrifício há em um irmão, mais liberdade se adquire, mais próximo de Deus se chega.
O altar me leva a alcançar a Deus.
Se o amor não me leva ao Senhor, ela perdeu a essência.
Deus me levou a construir amizades durante a minha vida.
Elas são verdadeiros memoriais da visita do Senhor na minha história.
São verdadeiros altares onde eu posso me derramar, derramar a minha vida, sacrificar a mim mesmo, ser melhor, crescer na certeza de estar me aproximando cada vez mais de Deus.
Se uma oferenda é santificada e apresentada ao Senhor pelo contato com o altar, cada vez que me “derramo” sobre um irmão, sou apresentado mais santo do que poderia ser sozinho.
Ninguém se santifica sozinho.
irmãos são instrumentos eficazes de Deus para minha santificação.
Deus não colocou somente pessoas em minha vida, me deu amigos, me deu altares onde eu posso perpetuamente me oferecer em holocausto e me sacralizar.

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